Fim de Janeiro, verão, carnaval quase chegando. Para muitos as previsões para os próximos dias são praia e diversão, mas para movimentos sociais, sindicais, partidos, associações e parlamentares que compõem a Frente Brasil Popular (FBP) agora é hora de planejar e pensar ações conjuntas para o ano de 2016.
As previsões do Congresso Nacional não são nada agradáveis para a classe trabalhadora do país e a FBP não vê motivos para descanso.
Além de pautas como as atividades conjuntas numa agenda unitária para 2016, organização e comunicação, as crises econômicas brasileira e externa também foram temas de debates na primeira reunião ampliada da Frente Brasil Popular, que aconteceu em São Paulo na última segunda (18).
O encontro, que durou cerca de 8 horas, teve um clima tenso e preocupante devido à análise de conjuntura econômica exposta por convidados.
"Nós somos a favor da democracia, temos respeito pelo voto popular, nós defendemos o mandato da presidenta Dilma, mas isso não significa que nós demos um cheque em branco para uma política econômica lesiva aos trabalhadores e trabalhadoras", afirmou a Secretária de Mobilização e relação com os Movimentos Sociais da CUT, Janeslei Albuquerque.
As medidas ofensivas do governo federal à classe trabalhadora começaram no final de 2014 com as Medidas Provisórias (MP’s) 664 e 665, que dificultam o acesso ao seguro desemprego e a pensão por morte. Os ajustes fiscais e a ofensiva conservadora foram legados de 2015, mas parece que 2016 não trará trégua.
O governo já começou o ano com propostas de reformas trabalhistas e previdenciária, além disso uma sequência de pautas conservadoras estão na agenda do Congresso Nacional.
Para o Diretor Executivo da CUT, Júlio Turra, diante desta conjuntura será necessário continuar com uma forte pressão sobre o governo para sinalizar mudança nesta política econômica que só prejudica o trabalhador. "Depois do carnaval a ofensiva da direita vai intensificar. Nós da CUT já propomos uma grande manifestação nacional em meados de março, quando o legislativo retorna do recesso".
O economista Marcio Porchmann faz uma análise bem pessimista. Para ele, a piora da recessão ainda não chegou. "Há uma perspectiva de longa duração e será a recessão mais grave desde 1929. Mas numa outra realidade da sociedade. De alguma forma, a base da pirâmide não está tão desfavorecida. Os pobres não vão perder tanto como naquela época, porque políticas como a do salário mínimo e outras políticas sociais, por exemplo, protegem", destacou.
Para Porchmann, houve uma alteração no horizonte da política econômica com a mudança de Ministro da Fazenda, mas sem perspectivas de mudanças mais efetivas. Segundo ele, Levy tinha a recessão como a alma da economia, Nelson Barbosa, em seu primeiro pronunciamento disse que quer que o país volte a crescer. "O que ele vai fazer para o país voltar a crescer?"
Segundo o vice-presidente da PCdoB, Walter Sorrentino, a crise econômica mundial é muito severa, afetando diversos países e a recessão pode se aprofundar em 2016. “Está claro que a luta em defesa da democracia deve ser combinada com a luta pela retomada do crescimento econômico, sem o que a nossa base social seguirá intranquila, com receio de perder conquistas e sem uma expectativa maior de avançar nas conquistas”, enfatiza.
A feminista Liége Rocha, da União Brasileira de Mulheres, destacou a importância do poder de organização e de unidade para enfrentar as tentativas de retrocessos. Ela e outros participantes da FBP lembraram o sucesso da última manifestação em 16 dezembro, no qual mais de 100 mil pessoas ocuparam as ruas de São Paulo pra gritar: fora Cunha, Não ao Ajuste Fiscal e a favor da democracia, fora os outros estados por todo país. “Manter essa unidade é o compromisso da Frente”, reafirmou.
Para Janeslei, a Presidenta Dilma deve ouvir os movimentos sociais e governar a favor da volta do crescimento junto com as bases populares que a elegeu. “A mobilização da esquerda é fundamental para mostrarmos nossa posição”.
A Frente deverá se reunir no dia 3 de Fevereiro para decidir a data do próximo grande ato nacional.