Fonte: CUT
A gestão Pedro Parente confirmou o que já vinha sendo alertado pela FUP e seus sindicatos desde o início do golpe: a Petrobrás caminha a passos largos para ser uma mera empresa de escritório, com a desintegração e a privatização de todos os segmentos da companhia. O modelo de privatização das refinarias, que já vinha sendo ventilado pela imprensa, foi anunciado nesta quinta-feira (19) pela diretoria antes mesmo de ser aprovado pelo Conselho de Administração.
Cerca de 3.700 trabalhadores serão afetados de imediato com a venda de 60% de quatro refinarias - Repar (PR), Abreu e Lima (PE), RLAM (BA) e Refap (RS), em um pacote fechado, que inclui ainda 24 dutos e 12 terminais.
Já são mais de 30 ativos privatizados desde 2016. E agora a Petrobrás entregará ao mercado o controle sobre o refino de petróleo e o transporte de derivados - atividades essenciais - que comprometem o abastecimento do país. É a conta do golpe sendo paga, às custas da soberania e do desenvolvimento.
Desde a chegada de Pedro Parente na empresa, as refinarias estão sendo preparadas para a venda. Primeiro, de modo incentivado, demitiram os empregados, depois cortaram investimento em segurança e manutenção, para então baixar as cargas das refinarias reduzindo seu valor agregado.
A Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, é a primeira e mais importante planta do sistema, inaugurada em 1950, e está operando com sua carga reduzida em 43%. No Rio Grande do Sul, a Refap (Refinaria Alberto Pasqualini), inaugurada há 41 anos, já está com sua carga reduzida em 42%.
Ponte para o passado
Em março de 2017, foi lançado pelo governo Temer um documento chamado “Combustível Brasil – Setor de Combustíveis e Derivados de Petróleo” e contava com a colaboração destes mesmos atores em sua formulação. Nele fica claro a estratégia apontada pela Petrobrás para o segmento de refino, transporte, armazenamento e comercialização de derivado: "a promoção de uma nova política de preços e a maximização de margens na cadeia de valor; a não garantia integral do abastecimento do mercado brasileiro; e o desenvolvimento de parcerias no downstream, possibilitando a introdução de outros atores no refino e na logística”.
Esta é a política implementada pelo governo golpista de Temer em seu projeto “Ponte para o Futuro”, e a estratégia central da gestão Pedro Parente na Petrobrásé atrair investidores privados para aumentar a concorrência neste setor dentro do país; Assim como a iniciativa de reduzir a capacidade de produção das refinarias, estimulando a importação de derivados por agentes privados (nacionais e internacionais). Perdendo mercado para estas empresas.
Segundo relatório publicado mensalmente pelo Ministério de Minas e Energia, as 4 refinarias que serão vendidas representaram 33% da produção, abrindo mão do controle de 40% da sua capacidade de refino no país. Além disso, está cria competidores para si mesma, em um mercado muito rentável onde tinha total controle.
Quando um país abre mão de grandes empresas em setores estratégicos significa delegar nossa trajetória de desenvolvimento a interesses que não são necessariamente os da sociedade brasileira. As empresas estatais, têm função essencial no desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária e abdicar delas é abdicar do próprio desenvolvimento econômico e social de um país.
Aceleração das desigualdades regionais
Os investimentos da Petrobrás foram fundamentais para o crescimento econômico e para o processo de industrialização vivido por estes Estados nos últimos anos, principalmente os nordestinos. Sem a garantia de novos investimentos pode-se provocar desarticulação da indústria, impactando negativamente (aumento do desemprego e redução da geração de renda) à sociedade local e retorno a uma situação de concentração no sudeste brasileiro.