O mercado de trabalho brasileiro continua sentindo os reflexos da recessão econômica e não aponta para uma melhora. Ao contrário, segundo dados do IBGE, o ano de 2016 apresentou o maior patamar de desemprego já registrado pela Pnad Contínua desde o início da série, em 2012. Consideradas as médias anuais, são 1.758 milhão de ocupados a menos e 3.175 milhões de desempregados a mais, em um total estimado em 11.760 milhões.
Em um cenário de poucas vagas e muitos profissionais sedentos por um emprego, no setor de teleatendimento acontece a situação oposta. Do total de demissões, 40% são feitas a pedido dos teleoperadores. Em um momento de tanto desemprego, 183.346 trabalhadores de teleatendimento preferem deixar o seu posto. E qual seria o motivo?
A taxa global de rotatividade no setor de teleatendimento foi de 95,4% em 2015. Este número se deve, em grande parte, aos pedidos de demissões. A alta pressão para atingir metas, punições excessivas, controle do tempo de trabalho e dos procedimentos adotados (script), baixa remuneração, ausência de plano de carreira, equipamentos e mobiliários inadequados, uso do banheiro controlado e muitos outros problemas são determinantes para o pedido do operador de desligamento da empresa.
São filhos (as), mães, pais, esposos (as), que abrem mão da remuneração que sustenta ou complementa a renda familiar, pois não encontram motivação e nem perspectiva de crescimento no exercício de sua função. No Anuário da Saúde do Trabalhador, (do DIEESE) das 20 atividades econômicas classificadas com maior número de afastamentos por doença ocupacional está a atividade de teleatendimento.
O tempo médio de permanência no emprego está em patamares baixos, com quase 30% dos trabalhadores com menos de seis meses de emprego. O que comprova, mais uma vez, que o setor é altamente precarizado.
Recontratam pagando menos
A taxa de rotatividade descontada, aquela feita por iniciativa do patrão, ficou em 48,1%. Em época de crise, muitos aproveitam para demitir funcionários e, no lugar deles, contratar outros pagando menos. O salário médio dos admitidos em 2016 ficou em R$ 959,04 (7,2% menor em relação aos demitidos, de R$ 1.033,54). Na comparação com o mesmo período de 2015, o salário médio dos admitidos (R$ 856,21) foi menor 6,5% em relação aos desligados (R$ 915,72).
A Fenattel e os seus sindicatos defendem que os teleoperadores merecem ser mais valorizados. Basta de assédio moral, pressão, metas inatingíveis, supervisão excessiva, remuneração inadequada e péssimas condições de trabalho!