Fonte: Geledés
Imagem: Unicef
A reprodução das práticas econômicas e sociais colonialistas, exercidas por grande parcela das empresas, impôs como consequência uma crise climática que expõe as fragilidades ambientais decorrentes da degradação de biomas e o declínio da biodiversidade.
No arco temporal, vimos a ascensão das empresas como fortes e decisivos atores políticos, movimentando cifras superiores ao PIB de vários países e moldando economias nacionais em função de suas cadeias de suprimentos e consumo, visando apenas lucratividade em detrimento da sustentabilidade e da conservação do bem viver coletivo.
Os conhecimentos ancestrais vivenciados por quilombolas e povos originários, balizados no valor comunitário e na integração com o ambiente, resistiram ao genocídio epistemológico e denunciaram a urgência, ou seja, nunca foi novidade que as práticas de uma sociedade baseada no consumo e na exploração ilimitados nos colocariam em uma crise climática irreversível.
Eventos climáticos extremos causam crescente instabilidade às cadeias produtivas, principalmente aos produtos agrícolas, gerando oscilações no valor dos alimentos e, inevitavelmente, sua escassez. Tudo isso provoca graves consequências sociais.
A garantia do acesso ao alimento saudável precisa ser priorizada por todos os setores econômicos. Os povos que sistematicamente são negligenciados pelo Estado —negros, quilombolas, ribeirinhos, povos originários— são os mais afetados e precisam estar na centralidade do debate e das ações de mitigação.
As empresas precisam implementar medidas para estagnar os impactos climáticos no âmbito social. Isentar-se dessa responsabilidade é potencializar a política de morte que condena famílias inteiras à fome e que se alicerça na ferramenta social que tenta descaracterizar e não racializar os reais impactados pelas emergências climáticas. Essa ferramenta tem nome: racismo ambiental.