Em comunicado ao mercado, a Oi informa que a LetterOne Technology (L1 Technology), controlada pelo russo Mikhail Fridman, afirmou nesta quinta-feira, 25, que não pode mais prosseguir com um plano de apoiar uma fusão entre a Oi e a TIM. O motivo foi o fato de o fundo de investimentos ter sido informado pela operadora italiana sobre o desinteresse em aprofundar negociações a respeito da possibilidade de uma combinação de negócios com a Oi no Brasil.
Na nota, a operadora brasileira ressalta que avaliará os impactos do anúncio para as possibilidades de consolidação no mercado brasileiro. "A Oi continua a empreender seus esforços de melhorias operacionais e transformação do negócio, com foco em austeridade, otimização de infraestrutura, revisão de processos e ações comerciais", informa.
O acordo entre a Oi e a LetterOne foi anunciado em outubro do ano passado e estava vinculado a um acordo com a TIM. A subsidiária britânica do fundo russo estava disposta a capitalizar a companhia brasileira com US$ 4 bilhões condicionada a uma transação de consolidação no Brasil. A Oi enviou uma contraproposta de exclusividade por um período de sete meses (contados a partir do dia 23 de outubro) para proporcionar a combinação de negócios, cujos termos foram aceitos pela empresa russa.
A expectativa era que, com a operação, houvesse uma redução de alavancagem da Oi, tornando-se um player mais robusto, e a geração de importantes sinergias e ganho de escala, promovendo geração de valor para todos os acionistas. Com a eventual fusão, o novo player poderia competir em maior igualdade no mercado de telecomunicações com a América Móvil e Telefônica. A operadora avaliava ainda que "o consumidor deverá ser beneficiado com o consequente fortalecimento da Companhia", apesar da redução de opções de concorrência.
Em outubro do ano passado, a Telecom Italia, por meio de seu CEO, dizia que qualquer conversa com a Oi estaria vinculada a uma mudança no modelo de concessões, o que ainda não aconteceu, apesar de o processo estar em curso. Outras questões que estavam sendo trabalhadas pela Oi, como o acordo com a Anatel referente aos Termos de Ajustamento de Conduta, que possibilitariam o encerramento dos processos administrativos, não foram concluídos ainda. E no meio do caminho dois acionistas da Oi tiveram executivos importantes presos em decorrência das investigações da operação Lava Jato. A Oi teve ainda sua nota rebaixada por agências de rating, na esteira do rebaixamento do risco soberano do País, e terá que equalizar uma dívida de mais de R$ 50 bilhões que tem uma significativa parcela de vencimentos programada para o começo do segundo semestre.
No comunicado enviado à Oi, a LetterOne disse que ao longo dos últimos quatro meses explorou propostas para desenvolver opções de estruturas e de financiamento viáveis que possibilitariam uma consolidação com a TIM. "Ocorreram amplas conversas com diversos acionistas no Brasil, e conversas com a TIM", ressaltou o fundo de investimentos.
A LetterOne disse também que sua abordagem teve o objetivo de destravar o potencial desta operação no setor de telecom por meio de uma estrutura da qual todas as sociedades estivessem alinhadas. "Porém, sem a participação da TIM, a L1 Technology não poderá neste momento prosseguir com a operação proposta conforme anteriormente prevista", destacou.
O fundo afirmou ainda que apesar de um ambiente macroeconômico desafiador, está interessada em investir no Brasil, "um País com bom potencial de crescimento de longo prazo", completou.