Notícias 10/07/2018

Pesquisa aponta Brasil como sétimo país no ranking da intolerância!

Blog Miichel Telles

Tolerância se aprende, também, na sala de aula. A Geekie, uma das principais empresas de educação inovadora do Brasil, tem transformado a disciplina de Educação Digitalem ferramenta pedagógica para que as escolas possam combater a propagação do preconceito, de atos de intolerância e discursos de ódio online, sobretudo nas redes sociais. Com sequências didáticas apoiadas em casos reais – como o preconceito sofrido pela jornalista Maju Coutinho e o assédio sexual à Valentina Schulz, participante do Masterchef Júnior–, a dinâmica tem o objetivo de disseminar entre os alunos com idades entre 13 e 17anos a noção de que a liberdade de expressão não deve ser confundida com manifestação irrestrita de opinião preconceituosa. Por meio de questões e dinâmicas que despertam empatia, os alunos são convidados a refletir individualmente e debater em grupo o tema. Assuntos correlatos como limites da privacidade, cyberbullyinge assédio online também são abordados em sequências didáticas.

Futuristas como o alemão Gerd Leonhard têm defendido que a educação baseada em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática – conhecido pelo acrônimo STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) – deve ser mesclada com as habilidades HECI: humanidade, ética, criatividade e imaginação. Na prática, investir tanto em tecnologia quanto em humanidade, sobretudo empatia, consciência, valores e compaixão. O tema é de especial relevância diante do aumento dos episódios de intolerância nas redes sociais. Conduzida em 27 países com mais de 19 mil pessoas, a pesquisa da IPSOS Mori aponta que o Brasil é o sétimo no ranking da intolerância ao lado de Estados Unidos, Polônia e Espanha. Entre os brasileiros, 84% dos entrevistados enxergam uma divisão no país. Entre os pontos da discórdia, a maioria global aponta as visões conflitantes sobre a política (44%); polarização entre ricos e pobres (36%); tensão entre imigrantes e pessoas que nasceram no país (30%); divisão entre grupos religiosos (27%); diferenças entre etnias (25%); entre idosos e jovens/homens e mulheres (11%). No Brasil, os índices são, respectivamente, 54%, 40%, 8%, 38%, 25% e 18%. A maioria dos brasileiros, 62%, acredita que o país está mais polarizado do que há 10 anos.

Por sua vez, a pesquisa sobre cyberbullying– também conduzida pela IPSOS com 20,8 mil pessoas em 28 países – aponta o Brasil como o segundo no número de agressões online. A cada 10 pais entrevistados, três disseram que os filhos já sofreram violência na internet; 53% dos pais brasileiros afirmaram que o ataque partiu de colegas de classe do filho, que cometeram o ataque em redes sociais.

Mestre em Educação pela Stanford University, Claudio Sassaki – cofundador e CEO da Geekie– defende que a tecnologia deve estar próxima da linguagem do estudante, gerando identificação e motivação. Na prática, a tecnologia não é mais um diferencial para os jovens; diferente é o fato de a escola ser o único lugar onde a tecnologia fica de lado na vida deles.  “A escola e a família precisam ensinar os jovens a lidar com as oportunidades, os riscos e os desafios de estarem conectados. Uma pesquisa da TIC Kids Online demonstra que quando desafiados a julgar as próprias habilidades na internet, 76% dos jovens brasileiros acreditam saberem mais do que os pais; 71% afirmam conhecer muito sobre como usar a rede. No entanto, da teoria à prática, em um experimento da mesma organização, 30% dos jovens não souberam verificar se uma informação na internet estava correta.Esse dado é relevante, porque prova que o nativo digital precisa de orientação; da mediação de professores”, avalia Sassaki.

Segundo o pesquisador independente e empreendedor, educar para a cidadania digital vai além da disseminação da compreensão de conceitos como pegadas digitais. “O aluno tem que ser preparado para ver e compreender a relevância desse conhecimento; entender como as pegadas digitais influenciam na forma como ele será visto na internet; como a reputação online pode influenciar a busca de um emprego ou vaga acadêmica, no futuro”, analisa, acrescentando que esse aprendizado envolve disponibilizar insumos para o alcance da cidadania – ou seja, uma aprendizagem significativa e relevante para o cotidiano do aluno.

Educação Digital, modo de usar

Preparar os alunos para desbravar os desafios decorrentes de questões sociais e profissionais complexas apresentadas pelas novas tecnologias tem sido endereçado pela Educação Digital, conteúdo pedagógico do Geekie One. A plataforma educacional oferece suporte para que o educador provoque o diálogo, o olhar crítico e incentivar o aluno a assumir o compromisso do desenvolvimento de uma cidadania que se dá, também, no ambiente digital.

Segundo Leandro Carabet, Designer Pedagógico da Geekie, a Educação Digitalestá apoiada em unidades temáticas: identidade online(os alunos analisam de que modo as pessoas assumem e constroem a própria identidade e reputação na internet, refletindo os impactos no presente e futuro); tecnologia e bem-estar(conteúdo sobre possíveis interferências da tecnologia na saúde física e psicológica e estimula o aluno a desenvolver hábitos mais saudáveis de uso da tecnologia); segurança e privacidade(capacitar para identificar as ameaças na internet às informações pessoais e aprender a desenvolver estratégias e hábitos para reverter a ingenuidade); cidadania digital(os alunos discutem os principais dilemas éticos da rede, refletindo sobre direitos, responsabilidades e crimes); comunicação digital e relacionamentos(os alunos estabelecem um paralelo entre a comunicação online e off-line para refletirem sobre o diálogo e envolvimento das pessoas na rede); e cultura digital(discutem sobre as principais tendências e atualidades da internet e de comportamento no ambiente digital, bem como suas implicações sociais).

Cada uma das unidades é trabalhada ao longo dos anos escolares de forma espiral e tratadas em diferentes contextos e situações – progressivamente, dos mais complexos e reflexivos modos. A proposta estimula o diálogo aberto para tratar de assuntos como perfil online; construção da autoimagem na rede; contas seguras e sites confiáveis; limites da privacidade online (assédio); publicidade no digital; história da internet; comunicação face a face e comunicação online; vício em tecnologia; impacto da tecnologia na saúde; cyberbullying; denúncia e comunidades de apoio – são exemplos dos temas abordados com os alunos do 9oano. Na 1asérie do Ensino Médio, o conteúdo programático versa sobre cultura digital; identidade online; perfis fakes e anonimato; notícias fake; estratégias de busca e avaliação das fontes; navegação segura; linguagens; preconceito, intolerância e discurso de ódio online; games; realidade virtual; foco, distrações e phubbing; tecnologia e ansiedade; conteúdo adulto: exposição e riscos; e limites da privacidade online: nudes, por exemplo.

Para o 2oe 3oanos, os temas são mais complexos como marco civil e direitos online; limites da privacidade online: hackers; pirataria; cultura do remix; direitos autorais; relacionamentos amorosos online e sexting; comunicação profissional online (email, entrevistas, redes sociais); transações financeiras; big data; crimes online; inteligência artificial; entre outros.

“Soma-se a um conteúdo relevante, a participação ativa dos alunos. Não se trata de uma transmissão, mas do ensino com o objetivo de compreensão. Cada aula tem um aprendizado e começa com uma lista de objetivos a serem atingidos; ao final, um feedback dos alunos sobre o nível de entendimento”, afirma. Como exemplo, no conteúdo sobre fake newse pós-verdade, a expectativa de aprendizagem acordada por professor e alunos é compreender o significado e as consequências da disseminação das notícias falsas na internet para a sociedade; desenvolver um pensamento crítico sobre as informações disseminadas em redes sociais a fim de detectar conteúdos dúbios ou enganosos: e conhecer mecanismos e projetos que têm sido criados para combater a disseminação de conteúdo falso. “O importante não é somente assimilar o conteúdo, como saber lidar com ele em um contexto de vivência prática”, explica Carabet.

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